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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Surdo e a Saúde Mental: O que fazer?

     Quando um Surdo precisa ser atendido em seu sofrimento mental aqui em Niterói, procura, em primeiro lugar, a APADA- Niterói. Lá eles contam com um suporte terapêutico mínimo: Assistente Social e Psicologia. Temos uma escuta diferenciada, já que utilizamos a Libras no atendimento. Isso é ótimo e é assim mesmo que precisa ser em qualquer espaço que se propõe ao atendimento de Surdos.Atendemos assim, várias demandas: Histeria, Transtorno Obsessivo Compulsivo, ansiedades, fobias, alguns transtornos de Personalidade. Porém, esbarramos em um problema: o atendimento de Surdos Psicóticos. Para quem não está familiarizado com o termo, esses são alguns exemplos: Esquizofrenia, Paranóia e Transtorno Bipolar. Esses sintomas mais graves precisam de um suporte mais amplo, que nós, infelizmente, não temos condições, atualmente, de oferecer. Pois bem, esses são alguns exemplos de pessoas que deveriam ser referenciadas aos CAPS, pois necessitam de alternativas de acolhimento e tratamento que vão além do oferecido pela nossa Instituição. E, aí, o que fazer? Pois os CAPS, aqui em Niterói, são bem estruturados, existe um número razoável, (apesar da demanda ser enorme e, sendo assim, sempre há a necessidade de mais), além das residências terapêuticas, que, como o próprio nome já diz, são casas onde uma equipe de referência cuida dos moradores, usuários da rede de saúde mental, que são impossibilitados, por diversos motivos, de voltarem para suas famílias. Porém, apesar da proposta de inclusão social, esses lugares de tratamento não se adequam as necessidades de todos. Os Surdos estão excluídos, pois o trabalho é todo voltado para usuários ouvintes. 
     O que fazer com um Surdo, usuário de Libras, que interna em uma enfermaria do Hospital Psiquiátrico e que ninguém entende o que ele diz? Como fazer um diagnóstico sem escutá-lo? Como medicá-lo? Como referenciá-lo a um CAPS para tratamento contínuo, se ele é usuário de uma língua, que poucas pessoas compreendem?
     O que fazer? Essa é a pergunta essencial, que nos persegue. Mesmo nós, que trabalhamos com essa demanda,  por várias e várias vezes nos fazemos esse questionamento. O que fazer quando o sujeito nos procura e não temos como atendê-lo e não temos para onde mandá-lo. E estar fora do "laço social" duplamente. 
O que fazer?