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sábado, 10 de novembro de 2012

Surdo-mudo não existe!!!

      Esse título parece estranho para você? Talvez seja porque escutamos a todo momento, nas ruas, nos lugares de prestação de serviços em geral, essa expressão recorrente: "ele é surdo-mudo, ou ele é mudinho", o que é pior ainda.  
          A expressão Surdo-mudo, era usada como um termo técnico a até pouco tempo atrás. E alguns  profissionais, na área da sáude, até hoje a utilizam, apesar de não ser, nem de longe, adequado.
      Se escutarmos com atenção esse termo veremos que nele podem estar ligados vários significantes: Exclusão, aprisionamento, passividade, impossibilidade, aquele que não tem fala, não tem o que falar... 
         É claro que as pessoas, em sua maioria, não utilizam esse termo pensando nele como forma de não dar lugar aos Surdos. Mas, inconscientemente é isso o que acontece e em muitos casos, até mesmo, dentro da própria família.
          Para vários familiares de Surdos é difícil aceitar que a transmissão da Língua se dará de modo inverso. Não são os filhos que aprenderão com os pais, mas estes terão que se submeter a "Língua Materna" dos filhos: a Libras. Mas, materno não vem da mãe? Como é doloroso para alguns pais entender que não se trata de uma passagem de saberes de uma geração para outra, mas uma troca de saberes com o filho, que originalmente, deveria estar submetido "a ordem natural das coisas." Logo, se cria um distanciamento, os pais não conseguem quebrar a barreira que se ergue, quando percebem  que seus filhos têm uma identidade que não existe no resto da família. Pois, na maioria dos casos se tem um único Surdo dentro de uma família toda ouvinte.
Dessa dificuldade familiar, surge o preconceito, a recusa em reconhecer a diferença, que faz com que, desde muito cedo, o sujeito se veja tendo que lutar pelo seu espaço, defender seus direitos de cidadão, de filiação, de existência.
         Os Surdos estão por muitas décadas, lutando para se fazerem ouvir pelos ouvintes. A Surdez acaba sendo nossa. Quando eu sei que existe uma língua própria que fará com que os Surdos possam exercer seus direitos, sua cidadania, sua subjetividade e não me interesso, não valorizo essa condição eu estou contribuindo para a opressão desse sujeito. Para mantê-lo na condição de excluído.  
     Por isso, o trabalho com pais, familiares, comunidade se faz tão necessário. É através da informação dada à sociedade e do oferecimento de um lugar de escuta dessas dificuldades parentais, que talvez seja possível se construir um lugar de inclusão.




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