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sábado, 10 de novembro de 2012

Toda criança precisa ser Adotada.

     Quando um homem e uma mulher sonham com a possibilidade de ter um filho, fantasiam a respeito de como ele vai ser, o que irá fazer, do que vai gostar, enfim, isso diz de uma idealização. Este é seu filho ideal. Podemos dizer, sem medo de errar, que, 99,9% desses casais, não sonham com um bebê que venha com algum tipo de deficiência. O narcisismo, presente em todos nós, dificilmente permitiria que a aceitação  da vinda de uma criança, que foi gerada e que carrega o material genético dessas duas pessoas, se desse sem nenhum tipo de marca ou trauma. Logo, quando a criança que nasce, mostra desde cedo que algo é diferente do que se esperava  em termos físicos, cognitivos ou afetivos, os pais tem contato com uma ferida narcísica, que muda em muito, o modo como eles vão passar a olhar essa criança. 
    Isso é perfeitamente normal em um primeiro momento, mas não quer dizer que não precise ser tratado, cuidado.
    Esses pais passam por um período doloroso de luto, necessário para que novas possibilidades junto a essa criança possam advir. Na verdade, toda criança que nasce, com deficiência ou não, causa uma queda da fantasia, pois o bebê da realidade nunca é igual ao da idealização.
E é aí que podemos dizer que toda a criança precisa ser adotada. Esse bebê que chega precisa se manter no desejo desses pais para que possa ter um lugar. E tanto a entrada, quanto a manutenção desse desejo é o que podemos chamar de Adoção. 
     Muitas crianças Surdas têm dificuldade em serem "adotadas" por seus pais. Principalmente, na época da aquisição da Língua, onde pode se dar a descoberta de que "algo não vai bem" com o filho. Os pais ficam imersos na busca de respostas: médicos, exames, terapias, tudo gira em torno da "cura".
E o sujeito fica esquecido, atrás dessa correria contra o tempo para que ele fique bom. Ao mesmo tempo ficam se questionando: de quem é a "culpa", pelo filho estar assim? Será que ele nasceu desse jeito, então a culpa é dos pais, ou foi alguma doença, algum remédio, algo que o médico não viu...?
       São situações como essas, que o analista se depara no trabalho com a Surdez. É preciso estar atento, adotar essa família e permitir que todos os sentimentos dos pais possam ser falados, sem críticas, para que haja um trabalho gerador de novas possibilidades de ADOÇÃO!

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